- Luiz Pierotti
Cruz e Sousa: o simbolista abolicionista.

João de Cruz e Sousa foi um poeta catarinense, maior nome do simbolismo brasileiro, negro, alforriado, e rodeado por fortes teorias racistas.
Seu incrível talento o elevou ao cânone da literatura brasileira, porém a cor de sua pele cobrou um preço caro ao longo de sua vida. Foi acusado acusado de ter-se omitido quanto a questões referentes à condição negra. Mesmo tendo sido filho de escravos e recebido a alcunha de "Cisne Negro", o poeta João da Cruz e Sousa não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa abolicionista.
A acusação, porém, não procede, pois, apesar de a poesia social não fazer parte do projeto poético do simbolismo nem de seu projeto particular, o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo. Cruz e Sousa militou, sim, contra a escravidão. Tanto da forma mais corriqueira, fundando jornais e proferindo palestras por exemplo, participando, curiosamente, da campanha antiescravagista promovida pela sociedade carnavalesca Diabo a quatro, quanto nos seus textos abolicionistas, demonstrando desgosto com a condução do movimento pela família imperial.
Apesar da forte presença de temática abolicionista, escrevendo como uma espécie de porta voz da coletividade negra, lhe foi retirada a militância. Hoje, conhecemos o poeta Cruz e Sousa como um mestre do simbolismo, quase um Rimbaud brasileiro, brincando entre cores e sons, mas negamos a herança de luta que este protagonizou no sul do Brasil.
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