
Lançado em 1953, escrito e dirigido por Lima Barreto e com diálogos criador por Rachel de Queiroz, O Cangaceiro foi o primeiro filme brasileiro a conquistar as telas internacionais.
Seu enredo apresenta a história do cangaceiro Capitão Galdino, claramente inspirado em Lampião, que aterroriza os vilarejos da região nordeste do Brasil, saqueando e matando junto a seu bando de capangas. Em um desses ataques, sequestra a professora Olivia, por quem pede resgate. Todavia, seu braço direito, Teodoro, acaba por se apaixonar pela mulher, o que causa a discórdia dentro do bando.
O Cangaceiro foi vencedor do prêmio de Melhor Filme de Aventura e Melhor Trilha Sonora no Festival de Cannes. A música, Mulher Rendeira, é interpretada pela atriz Vanja Orico, acompanhada do coro dos Demônios da Garoa (comento esse, inclusive, responsável pelo grupo musical ter o primeiro contato co o compositor Adoniran Barbosa). Tamanho sucesso fez com que o filme fosse exibido em mais de 80 países, permanecendo por 5 anos nos cartazes da França.
A Garota prodígio dos livros às telas
Há de se perceber que a familiaridade com o nome da criadora dos diálogos presentes no filme de Lima Barreto (que não é o escritor, que fique claro) é absolutamente esperado. Rachel de Queiroz foi escritora, romancista, tradutora, cronista e dramaturga. Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e primeira mulher contemplada com o Prêmio Camões.

A escritora Rachel de Queiroz
Tamanha importância para cenário cultural brasileiro só engrandece ainda mais a importância e qualidade artística e técnica d’O Cangaceiro.
Milton Ribeiro: invadindo as HQs
Responsável pela interpretação do temido cangaceiro Capitão Galdino, o ator mineiro Milton Ribeiro alçou reconhecimento mundial.

À esquerda, Milton Ribeiro interpretando Capitão Galdino
Curioso comentar que, semelhante ao que acontecia a atores de filmes de faroeste americanos, Milton virou personagem de história em quadrinhos criadas por Geodone Malagola, pela editora Jupiter. Porém, ao contrário da personificação cinematográfica, nas hqs o ator era representado como um herói dos sertões.
O Cangaceiro (1953)
Assista, abaixo, ao famoso completo.
RESSURECTIONE
POR LUIZ PIEROTTI
Em meio à festa, à dança. à diversão: o tempo passa.
Em meio ao trabalho, o relatório, o feedback: o tempo passa.
Durante o domingo, durante o sexo, durante a partida de futebol e a risada pós piada, cada segundo passa, escorrendo pelo rastro de tantos outros segundos perdidos, de tantas outras ideias esquecidas, de tantos outros desejos abandonados.
Se uma ideia não realizada é uma ideia inexistente, então também cada palavra não proclamada é um pensamento inexistente. Cada plano abandonado uma rendição prévia. E a cada tópico anteriormente citado, uma inexistência de parte do que nos constitui.
Totentanz é a recordação do tempo constante, é a observação do tudo no agora.
É a busca, mesmo que sempre busca, da observação do caos em sua plenitude.
O Manifesto não busca a individualidade, nem a remediação do singular.
Pretende a busca da identificação exterior do sujeito de Rimbaud. O continente humano de John Donne. A celebração de Whitman. A razão de Hamlet. O tempo: Chronos e Kairós.