- O Caos Cultural
A Arte Inovadora de Akira Kurosawa

Nascido em 23 de março de 1910, em Tóquio, Akira Kurosawa, o oitavo e último filho de uma família de classe média, foi um dos cineastas mais importantes do Japão e do mundo, tendo influenciado uma grande geração de diretores após uma carreira de 50 anos e mais de 30 filmes dirigidos.
Estudante de Artes Plásticas, seu gosto por cinema teve fundamental influência de Heigo, irmão mais velho que atuava como narrador de filmes mudos, porém, com o advento do cinema sonoro, ficou desempregado e terminou por se suicidar. Akira iniciou-se profissionalmente no cinema em 1935, aos 25 anos, e três anos depois se tornou assistente de direção.
Sua estréia como diretor ocorreu 8 anos depois, com o título "A Saga do Judô", considerado pela censura fascista como um filme demasiadamente "britanico-americano". Para sua exibição, o filme teve de ser cortado em 18 minutos, e tal minutagem jamais foi reencontrada.
Em 1945 , após ser forçado a dirigir um filme de propaganda do gorverno, Kurosawa teve novos problemas com a censura. Iniciou a direção de um filme que, em seu início, era tido pela crítica como "americano demais", porem, após sua finalização, o Japão já estava rendido à ocupação americana e o mesmo filme foi censurado por ser "japonês demais".

Com o fim da guerra sua produção se tornou ainda mais intensa. Títulos como "Trono Manchado de Sangue" e "Cão Danado" foram lançandos, sendo o segundo um de seus mais célebres longas do período, retradando a recuperação do país no pós-guerra.
Em 1950 o diretor recebe o Leão de Ouro, maior prêmio do Festival de Veneza, pela direção de "Rashmon", que inovava nos padrões de narrativa da época, e a partir daí seus filmes passam a ser distribuídos no EUA e seu nome torna-se conhecido no mundo todo. Kurosawa volta ao estúdio e trabalha em mais 11 obras. Suas produções tornam-se mais populares e melhor financiadas.

Sua obra de maior sucesso nos EUA, "Yojimbo - O Guarda" é lançada no início dos anos 60, abrindo caminho para que o diretor fosse para Hollywood em 1966, onde dirigiu seu primeiro filme em cores, "Expresso para o Inferno". Foi aí que iniciou-se os trabalhos de seu projeto mais ambicioso, em parceria com a Fox, produziriam um longa que retrataria os ataques à Pearl Harbour, com a narrativa do ponto de vista americano e japonês. Porém, Kurosawa havia escrito um roteiro de 4 horas, enquanto a produtora desejava um longa de apenas 90 minutos, fazendo com que o diretor desistisse da empreitada e o filme fosse concluído pelos diretores Kinji Fukasaku e Toshio Matsuda. O Filme: "Tora! Tora! Tora!".
A situação lançou Akira em uma crise criativa e emocional, que resultaria em uma tentativa de suicídio nos anos 70.
Akira Kurosawa foi um mestre em suas composições, pela criatividade e inovação com que trabalhava, seja inspirado pelas artes plásticas, pela litetatura, ou criando cenas de ação revolucionárias. Foi um dos criadores da transição "wipe", depois popularizada na trilogia Star Wars, e introdutor da temática chambara no cinema, sendo este um gênero que obedece à códigos muito precisos na composição das intrigas, dos personagens e da forma, originado do teatro tradicional kabuki.

O teatro Kabuki
Kurosawa nunca se aposentou, tendo vivido ainda bons momentos profissionais, até o lançamento de seu último filme, "Mandadayo", de 1993.
Akira Kurosawa faleceu de derrame, aos 88 anos, em 6 de setembro de 1998.
Após sua morte, mais alguns filmes de sua autoria foram lançadados como obras póstumas, é o caso de "Ame Agaru" e "The Sea is Watching".
Assista, abaixo, o trailer de seu filme "Sonhos" (1990), e uma entrevista concedida à TV japonesa:
Sonhos (1990)
Entrevista (em inglês)
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