- O Caos Cultural
Plenitude, a Cocanha Moderna
Trabalhe com o que ama. Encontre um lar confortável. Aprenda com seu corpo. Viaje. Abrace o sexo como uma prática saudável. Compartilhe seus problemas. Seja esforçado. Alcance seus sonhos!

Vivemos o tempo das possibilidades, da fluidez e da alegria. Vivemos uma juventude livre, desprendida de antigos padrões sociais, de âncoras soltas e liberdade sexual. Olhamos para trás com a estranheza de quem observa um paredão cinza e opressor.
Somos a era do movimento e da alegria, nem que esta seja apenas figurada nas telas das redes socials, mas não haveria discordância entre o que nos fazemos acreditar ser e o que realmente somos?
De acordo com a OMS, em 2015 o número de pessoas com depressão chegava a 322 milhões, com uma taxa de suicídio de 800 mil pessoas por ano. Nossa auto-imagem não parece se equivaler ao verdadeiro reflexo de nossa geração.

Alimentamos um mito Edênico em nossos discursos, assim como a Cocanha, país mítico de rios de vinho e banquetes ininterruptos, onde a comida se joga na boca dos homens, fora motivada por uma população medieval faminta e desacreditada de qualquer conforto em suas vidas reais.
O reino de Salomão, o Éden, ou mesmo Eldorado, todos mitos derivados do mesmo ímpeto esperançoso que nos leva a uma positividade extrema nos dias de hoje.

O País da Cocanha
Mas estaríamos, portanto, condenados a infelicidade pela aceitação de uma felicidade inalcançavel, talvez até infantilizada?
A resposta, talvez, habite o equilíbrio. Aceitar a tristeza, não apenas a felicidade. Alimentar o positivismo, mas regulá-lo com doses realistas. Enxergar-se humano e limitado, mas ainda sim capaz. A utopia da perfeição é nossa armadilha, e o nosso mito edênico da plenitude pode, em segundos, tornar-se nossa Ouroboros.
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